sábado, 13 de junho de 2009

Homônimo

Desde de que saiu do coma, Homônimo tem medo de dormir. Não que ele não durma, dorme sim. Raramente e sempre contra sua vontade. Em sua casa não há camas ou sofás, apenas cadeiras. Cadeiras de madeira, sem braço, sem encosto. Impossível achar uma almofada. Isso seria um problema para as visitas, mas visitas não são um problema para Homônimo. A única pessoa que se atreve naquele apartamento é sua vizinha do final do corredor. Agora não lembro se do 609 ou 610. E definitivamente não lembro seu nome. O que posso dizer sobre ela é que já lhe falta cabelo no topo da cabeça e que seu passatempo preferido é sentar-se em sua cadeira de praia - sempre a tiracolo, do lado de fora da portaria do prédio. Observa transeuntes de Copacabana protegida pelas grades verdes, acompanhada de cigarros de palha. Quando chove pode ser encontrada na casa de seu vizinho Homônimo, onde senta-se confortavelmente em sua cadeira de praia enquanto toma chá. Homônimo toma café.

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